Carlos Macedo
Aos 8 anos de idade ficou órfão de mãe. Esse doloroso acontecimento levou-o a sentir-se desamparado do profundo amor maternal que a sua querida mãe sempre lhe dedicava. Com esse vazio, dele se apodera a angústia e a tristeza.
Munido de papel e lápis, começa então a escrever versos e poemas ditados pela sua mente e impostos pelo seu coração, por isso relatando a sua nostalgia e a dor que lhe ia na alma.
Assim, veio a nascer o grande fadista e bom guitarrista, Carlos Macedo. Na medida do seu crescimento físico, ia também desenvolvendo os seus naturais dotes artísticos.
Aos 15 anos de idade, o seu pai consegue arranjar-lhe o primeiro emprego na fábrica têxtil “Sotex”. Aí permanece até ser chamado para a tropa, em cumprimento do seu dever militar.
Ainda antes dos 17 anos a sua sensibilidade musical de cariz popular leva-o a formar um conjunto típico com o seu nome. É assim que pela 1ª vez se apresenta nas Rádios Nacionais fazendo inclusivamente um directo, numa Rádio Portuense.
Por questões de obrigação Militar muda-se para Moçambique onde continua a sua carreira, atingindo o auge em 1972 ao ser considerado “O Rei do Fado em Moçambique”, aí grava os seus primeiros discos.
Em 1975, após a independência dessa província ultramarina, regressa à sua pátria, iniciando a sua consagrada actividade artística em Lisboa na Casa Típica “Mil e um” em seguida vai para Cascais para o “Chaparro” e em 1976 vai para o Porto para a Casa Típica “Mal Cozinhado”.
Em finais de 77 vai para Versailles para a Casa Típica “Saudade” e ao final de um ano volta para Portugal e percorre em Cascais várias Casas Típicas, “Sra das Preces “; “Tabuinhas” e “Copos Bar”.
Seguidamente foi para Lisboa onde começa por trabalhar no “Embuçado” e em 1982 vai para a Casa Típica “Senhor Vinho” pertencente á grande e inconfundível fadista Maria da Fé, onde trabalhou até Março de 2008
Ao serviço desta empresária, grande e imortal fadista, o Carlos Macedo percorreu Portugal de lés a lés e vários países Europeus e da América do Sul, acompanhando-a á Guitarra e por vezes cantando. A propósito vamos revelar somente uma sua actuação, feita de emergência, numa casa de espectáculos no Rio de Janeiro, em Junho de 1984, quando Maria da Fé em digressão por várias cidades Brasileiras cumpria um contrato ao abrigo da chamada “Ponte Cultural” entre Brasil e Portugal. Para melhor entendimento iremos relatar o que o Semanário “Tal e Qual” dizia com o seguinte titulo: “Ele conquistou o Brasil enquanto Maria da Fé foi mudar de vestido”. “De repente a grande cantora portuguesa Maria da Fé precisa de mudar de vestido e pede ao guitarrista Carlos Macedo que a substitua momentaneamente. Este canta três fados “Rapsódia” “Recordação do Passado” e “Até o Rei ia ao Fado” e põe o público em delírio. Aplausos vibrantes e intermináveis. Estes momentos foram de autentica glória para o grande artista Carlos Macedo, toda a plateia de pé aplaude entusiasticamente. No final a cantora brasileira Alcione cumprimenta o fadista e diz-lhe: “Você esteve simplesmente maravilhoso!” No dia seguinte a imprensa Brasileira especialmente a do Rio de Janeiro, onde o espectáculo decorreu dizia de Carlos Macedo: “Foi a surpresa da noite; foi a revelação de um fadista que sabe cantar Alfama com verdadeiros sentimentos.”
Esta apreciação e este insuspeito comentário feito por jornalistas idóneos e responsáveis a tão grande distância geográfica, são bem a tradução do real e incontroverso valor artístico deste grande Lousadense.
Num percurso lógico grava o seu 1º disco que inclui: “Guitarra toca Baixinho”. Em 1975 após a independência da província ultramarina regressa a Portugal e grava um trabalho de grande êxito Popular, “Até o Rei ia ao Fado”, até fins dos anos 80 grava mais 8 discos.
Seguem-se os CD’s: “Fado”, “O nosso amor está por um triz”, “Desejos” e “Este meu fado”. Paralelamente, mostrando-se um exímio Guitarrista, fazendo inúmeras gravações com outros Artistas.
Embora fiel ao seu País, fez várias viagens pelo mundo fora como:
Brasil: “Canecão”, Rio de Janeiro; “Palace”, S. Paulo; “Gallary”, S. Paulo; Macau: “Centro Cultural de Macau”; Holanda: “Teatroz”, Twente Schouwbourg; Canadá: Toronto; Espanha; Bélgica; França entre outros, dos quais participa em vários programas de Televisão.
Apresentando-se como Intérprete, Autor, Músico e Compositor, tendo também construído já algumas guitarras e é solicitado para compor músicas para vários artistas.
Em 1998 actua no Palco Nº1 da “Expo 98” durante uma semana.
Em 1998 volta a Macau.
Canta em Bruxelas (Bélgica) a convite da câmara de Comércio Luso-Belga.
Participa em duas noites de Fado no Teatro Mailon em Strasbourg (França).
Em 28 de Abril de 2000, actuou no Coliseu dos Recreios na festa da Argentina Santos.
A 5 de Outubro de 2000, actuou num espectáculo da UNESCO, em Paris, com Mariza, Maria da Fé, Jorge Fernando, Argentina Santos e Herman José.
Paris (teatro) DeSaint – Quentin – en – yvelines – 2000
Fonoteca – Apresentação do disco – 6 de Julho de 2000
FNAC – 5 de Novembro de 2000 (Chiado)
FNAC – 30 de Julho de 2000 (Colombo)
Centro Cultural de Belém – 6 de Março 2001
Fórum de Almada – 28 de Março 2001
Casino Póvoa de Varzim – Abril 2001
França sala colette Besson Ozoir-la-Ferriére – Outubro 2002
Teatro S. Luis – Maio 2003
Praça Marquês de Pombal, Vila Real de Sto. António – 10 de Junho de 2003
É homenageado em Lousado, pela comissão de festas da “Romaria Nova” em 9 de Setembro de 2006
Foi convidado pelo Bispo de Leiria D. António Marto a cantar dois fados alusivos à mensagem de Fátima no Centro Pastoral Paulo VI, nas celebrações do nonagésimo aniversario das Aparições em Fátima – Outubro de 2007
Em 24 de Janeiro de 2009 realizou na Casa das Artes em Vila Nova de Famalicão um espectáculo há muito desejado por ele e por todos os Lousadenses. E mais uma vez nos mostrou o grande carinho e apreço que tem pela sua terra natal Lousado, transmitindo esse sentimento durante todo o espectáculo. Abrilhantou logo na abertura cantando o célebre fado “Quero ir à minha terra”. O programa foi bem diversificado, entre alguns momentos mais altos se destacou a participação de duas fadistas convidadas Filipa Cardoso com quem cantou o fado “A minha mãe é pobrezinha” e a outra Alice Pires com quem interpretou o fado “Povo que lavas no rio”, mas sem duvida um dos momentos mais mercantes foi quando cantou com o seu irmão Urias Macedo “Campa florida” fado este composto pelo Carlos Macedo com apenas 9 anos e para finalizar cantou com a sua esposa Madalena Macedo o fado “O nosso amor, meu amor”.
Esteve acompanhado por excelentes músicos: à guitarra portuguesa, Custodio Castelo, à guitarra clássica, Carlos Garcia e à viola baixo Carlos Menezes, que contribuíram de uma forma impar para o êxito de todo o espectáculo, marcado pelo sentimento, pela saudade da “gente” da “minha terra”, a quem dedicou um pequeno verso escrito durante o Jantar, terminando da melhor forma o seu brilhante espectáculo.
Oh minha terra | O minha terra
Doce cantinho | Hospitaleira
Tu és do Minho | És a primeira
Abençoado | Tu és Lousado
Tendo participado ao longo da sua carreira em vários programas de televisão.
É presentemente um dos grandes Autores Compositores de Fado, segundo a S.P.A.
Em 2014 recebeu o Prémio Amália Rodrigues na categoria Compositor
Nossa admiração por este valoroso artista lousadense é tanto maior quando sabemos que ele triunfou pelo mérito próprio, pelo seu talento e pela sua natural humildade. Bem cedo sonhou ser fadista! Ainda em criança como antes ficou demonstrado, já compunha e cantava obras suas. Parabéns ……